sábado, 31 de mayo de 2014

LÍDERES INDÍGENAS BRASILEIROS DISCUTEN DEMARCAÇOES DA TERRA


Ministro indica que manterá suspensas demarcações de Terras Indígenas e insiste em mudar procedimentos

BLOG DA APIB

Em reunião com Mobilização Nacional Indígena, Eduardo Cardozo diz que seguirá implantando “mesas de diálogo” locais, envolvendo governos e produtores rurais, para discutir demarcações e que insistirá em alterar procedimentos demarcatórios

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sinalizou que vai manter a suspensão das demarcações de Terras Indígenas (TIs) em todo País e informou que vai insistir em modificar os procedimentos demarcatórios, conforme proposta que veio a público no final de 2013 (saiba mais).

Cardozo teve uma reunião, na tarde de ontem (29/5), em Brasília, com líderes indígenas depois que, às 8h da manhã, as mais de 500 pessoas que participaram da Mobilização Nacional Indígena nesta semana interditaram as entradas do Ministério da Justiça e ocuparam parte do Eixo Monumental, principal via do centro de Brasília. Um grupo de quilombolas também participou da manifestação.

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Pouco antes do encontro com o ministro, cinco índios acorrentaram-se ao mastro da bandeira do Brasil, em frente ao ministério, e arriaram o pavilhão nacional a meio mastro para simbolizar o luto dos povos indígenas pelo descaso do governo com seus direitos. Eles também hastearam uma bandeira negra no mastro ao lado que pedia que Cardozo assinasse portarias declaratórias de TIs. O protesto foi pacífico, apesar da presença de um grande contingente de policiais dentro e fora do prédio ao longo do dia.

Segundo os lideres indígenas, o ministro afirmou que seguirá implantando “mesas de diálogo” locais – envolvendo governos, produtores rurais e índios – para discutir as demarcações sob a justificativa de evitar a judicialização desses processos. Para o movimento indígena, na prática, esse expediente está paralisando a oficialização de novas TIs.

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Atividade eleitoreira
“Ele disse que não irá assinar nada, nenhuma portaria declaratória, que irá insistir na tentativa de construir ‘mesas de diálogo’ porque é nessas mesas que há a possibilidade de promover a negociação nos conflitos em áreas indígenas”, informou Wilton Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “O que o governo quer é fazer acordos políticos para ganhar votos. O travamento das demarcações é uma atividade eleitoreira. Certamente os povos indígenas do Brasil vão dar uma resposta a este governo”, finalizou Tuxá.

De acordo com uma liderança indígena que participou da reunião, Cardozo disse que é necessário negociar com os produtores rurais mesmo nos processos onde não há contestação judicial porque, quando a demarcação avança, novos conflitos aparecem.

“A reunião foi péssima porque o ministro não demonstrou que tem interesse em resolver nosso problema. Ele não quer se prejudicar com os ruralistas”, avaliou Sônia Guajajara, da coordenação da Apib.

Em nota, o ministro afirmou apenas que sua ”pasta está empenhada em encontrar soluções para as questões apresentadas por meio da mediação”.

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Ministro Eduardo Cardozo e a presidente da Fundação Nacional do Índio, Maria Augusta Assirati, em reunião com líderes indígenas | José Cruz – Agência Brasil

Os líderes indígenas entregaram uma carta com suas reivindicações. Nela, exigem que Cardozo dê sequência às demarcações e arquive de vez sua proposta de alterar o procedimento de formalização das TIs, a qual, na prática, pode paralisar definitivamente as demarcações (veja aqui).

São 37 os processos de demarcação nas mãos do ministro hoje (leia a lista). Sem pendências, eles aguardam apenas a assinatura das portarias declaratórias que reconhecem a posse permanente das comunidades indígenas sobre seus territórios.

A Mobilização Nacional Indígena terminou as atividades de uma nova rodada de manifestações em Brasília ontem, depois da reunião. O objetivo foi protestar contra a série de propostas e medidas do governo federal e do Congresso que atentam contra os direitos territoriais indígenas (leia mais).

Lideranças indígenas são recebidas por Ministro da Justiça


Faixa em guarani pede: #AssinaLogoCardozo / Crédito: Nathália Clark/Greenpeace
Faixa em guarani pede: #AssinaLogoCardozo / Crédito: Nathália Clark/Greenpeace
Depois de algumas horas de impasse, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, resolveu ceder e receber uma comissão de 18 representantes indígenas de todo o país. Um quilombola também integra a comissão.

Pouco antes, cinco índios acorrentaram-se ao mastro da bandeira do Brasil, em frente ao Ministério da Justiça, e arriaram o pavilhão nacional a meio mastro para simbolizar o assassinato de várias lideranças indígenas nos últimos anos e o desprezo do governo pelos direitos indígenas.

“Estamos aqui desde as 8 da manhã. O que é receber 20 lideranças, pra 600 que estão aqui? Não tem espaço, não tem cadeira. Não importa, a gente senta no chão! O que a gente quer é a garantia dos nossos territórios. E aqui estão os parentes, com esse ato, acorrentados, mostrando que sem a nossa terra é assim que nós ficamos. Acorrentados. Presos. E viemos aqui simplesmente exigir o direito dos povos indígenas”, discursou Sonia Guajajara, da diretoria da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

Indígenas acorrentam-se em frente ao MJ / Crédito: Oswaldo Braga/ISA
Indígenas acorrentam-se em frente ao MJ / Crédito: Oswaldo Braga/ISA
Desde as primeiras horas da manhã de hoje (29/5), os cerca de 500 índios que integram a Mobilização Nacional Indígena fecharam as entradas do ministério da Justiça, em Brasília, e também ocuparam algumas faixas do Eixo Monumental, em frente ao prédio, via do centro da cidade.

Nesta reunião, a comitiva fará a entrega de uma carta (leia aqui) com suas reivindicações ao Ministro. Nela, os indígenas exigem que José Eduardo Cardozo dê sequência às demarcações de Terras Indígenas em todo país e arquive de vez sua proposta de alterar o procedimento de demarcação – o qual, na prática, pode paralisar definitivamente as demarcações.

São 37 os processos de demarcação nas mãos de Cardozo; veja aqui a lista. Sem pendências, eles aguardam apenas a assinatura das portarias declaratórias que reconhecem a posse permanente das comunidades indígenas sobre seus territórios.

Quilombolas também integram o protesto / Crédito: Oswaldo Braga/ISA
Quilombolas também integram o protesto / Crédito: Oswaldo Braga/ISA

Um grupo de cerca de 300 quilombolas juntou-se aos indígenas e protesta contra a Proposta de Emenda Constitucional 215, que pretende atribuir ao Congresso a competência de reconhecer de Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios remanescentes de quilombo. Até agora, o movimento é pacífico. Dentro do Ministério há um batalhão da Força Nacional de Segurança desde o início da manhã.

Ministro da Justiça recebe hoje, às 15h, Mobilização Nacional Indígena para tratar de demarcação de terras


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Os 500 indígenas vindos de todo o país fecharam o Ministério da Justiça para reivindicar que ministro assine portarias declaratórias de suas terras
Depois de manifestação em frente ao Ministério da Justiça na manhã desta quinta-feira (29) em Brasília, o ministro José Eduardo Cardozo aceitou receber nesta tarde, às 15h, uma comissão com 20 representantes indígenas de todo o país que estão na capital federal para a semana de Mobilização Nacional Indígena.

Membros do Movimento Quilombola também participarão da reunião, que tem como pauta a paralisação dos procedimentos demarcatórios de terras tradicionais no Brasil. Somente de terras indígenas, são 37 processos engavetados nas mãos de Cardozo, de áreas já identificadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), faltando apenas a assinatura das portarias declaratórias que reconhecem a posse permanente dos grupos sobre as terras.

“Esperamos que o ministro receba nosso povo e atenda nossa reivindicação, que é destravar a demarcação das terras indígenas e suspender as mesas de negociação. Os conflitos têm se acirrado a cada momento que essas mesas estão instaladas, porque não tem como conversar sobre reduzir terras indígenas, não dá pra recuar dos direitos que nós já temos garantidos”, disse o cacique Marcos Xukuru.
Após a reunião, os indígenas falarão em coletiva de imprensa, convocada para as 16h30 em frente ao Supremo Tribunal Federal.


jueves, 22 de mayo de 2014

EL "JOGO BONITO" DE LA POLÍTICA BRASILEÑA













//EDITORIAL//

“¿O POVO NÃO QUER FUTEBOL?”



“…the most delayed World Cup since I have been in Fifa”.
Sepp Blatter

A medida que se aproxima la fecha de inicio del Campeonato Mundial de Fútbol, la prensa brasileña, así como la internacional, destacan el crecimiento de una nueva ola de manifestaciones y protestas en San Pablo y Río de Janeiro, así como en distintas ciudades del Brasil. Es más, algunos analistas hablan de la existencia de una “verdadera preocupación” en el gobierno Rousseff, ante los desbordes de la semana pasada. 

Seguramente la expresión sea quizás algo exagerada pero la salida del Ministro Gilberto Carvalho, el sábado 17 de mayo, desde Porto Alegre, asegurando que habrá un cambio de humor en “la recta final” y que el Brasil está entrando en “el clima que tanto le gusta” a medida que se acerca el Mundial, al mismo tiempo que reafirmó que el gobierno no le teme a las manifestaciones, dejó sembrada la semilla de la duda sobre lo acontecerá en el futuro inmediato.

Ya dos días antes, la Presidente Dilma Rousseff había apelado al “alma hospitalaria” de los brasileños como reacción a la exacerbación de las huelgas y manifestaciones, indicando que los brasileños estaban siendo observados por los millones de visitantes que van a llegar a apoyar a sus equipos nacionales. Fue sintomático que esta curiosa exhortación la llevase a cabo en un acto solemne donde se firmaba un no menos llamativo compromiso de “trabalho decente” entre obreros y empresarios, que cubría, exactamente, el período de duración del Campeonato Mundial.
En una lectura literal de los acontecimientos de las últimas semanas, quizás sea cierto que estemos asistiendo a un tensionamiento de la situación social, especialmente en algunos centros urbanos de importancia. Ocupaciones de habitaciones en las favelas (“…queremos casas nivel FIFA…” era un slogan recurrente) o simplemente en casas abandonadas por población desplazada por las obras de infraestructura, reclamos por la ineficiencia social del enorme gasto público comprometido y por el costo de vida siempre creciente, se mezclaron, sin embargo, con todo tipo de reivindicaciones, a veces poco relacionadas con el evento futbolístico. 

En ese sentido la resistencia al Mundial aparece, por ejemplo, como catalizador de demandas que algunos manifestantes querían ver en la prensa internacional, con el lema en inglés “Tourist, don't come to the World Cup, danger country”. Pero, al mismo tiempo, en Recife, la policía militar y los bomberos dejaron a gran parte del Estado de Pernambuco sin ningún tipo de protección para sumarse a las protestas e intentar lograr un aumento salarial del 50%, muy por encima del menos del 15 % propuesto por el Gobierno. 

Pero lo de Recife no es un hecho aislado. Muestra de ello es la aparición de integrantes de varios sindicatos, incluso de gremios de funcionarios en las recientes manifestaciones callejeras de varias ciudades. Ello constituye un cambio a evaluar porque parece indicar que ya no son sólo grupos espontáneos de estudiantes, “indignados” o simples ciudadanos los que toman las calles como en junio 2013. Aunque no hay cuantificaciones creíbles, más de un centenar de organizaciones gremiales se unieron a la última protesta que puso en circulación el slogan “Copa Sem Povo: Tô na rua de novo”'

Esta aparición de organizaciones formales probablemente responda al ingreso de nuevas preocupaciones políticas entremezcladas con la protesta ciudadana. No solamente hay demandas muy concretas ligadas al precio de los transportes públicos, de los alquileres y a las dificultades de acceso a algunos estadios que están movilizando obreros sindicalizados y funcionariado público. Hay claros indicios que el PT comienza a entrever que las dificultades de la Copa del Mundo adquieren perfiles riesgosos para las próximas elecciones en las que se aprestaba a lograr la segunda Presidencia de Dilma. La aparición de sindicatos formales (y seguramente controlados por el partido de gobierno) en las protestas populares y los recientes ataques de Lula contra la prensa indican que la maquinaria oficial se ha puesto en marcha para defender sus posibilidades electorales en octubre de este año. En algunos casos porque las direcciones sindicales controladas por el PT no quieren aparecer “defendiendo” al gobierno cuya imagen está en crisis y se “pliegan” a los reclamos de base. En otros casos, porque, directamente, los sindicatos ya no responden a la dirección oficialista y se suman espontáneamente al movimiento de protesta. 

Pero, en sentido estricto, la importancia de la movilización popular, la orientación final de los conflictos callejeros, su profundidad y posible trascendencia política y electoral son, por ahora, difíciles de evaluar. Y ello por dos razones.

- En primer lugar, hay una correlación compleja pero relativamente estrecha entre las protestas sociales en curso, la creciente vivencia de la población de que la economía del país está deteniéndose rápidamente y la construcción de las obras de infraestructura puestas en marcha por el Mundial que implicaron gastos “culturalmente desmesurados” para una población condenada, desde hace décadas (por no decir siglos), a una convivencia más que compulsiva con la escasez y la pobreza. Desde las primeras protestas significativas de junio del año pasado, y en los meses subsiguientes, se ha instalado en la agenda de un sector significativo de las clases medias y de la población urbana la certeza de que el gobierno ha perdido el control financiero del gasto, el control del proceso de construcción de las infraestructuras y, lo que es peor, que el gobierno ha perdido el control de la razón de ser misma de algunas de las obras que se han emprendido (los estadios de Manaos y Brasilia son los ejemplos perfectos de obras en las que nunca de jugarán partidos de fútbol de manera regular). En otros términos: al menos un sector amplio de la población más informada vincula, directamente, la construcción  de estas desmesuradas e innecesarias “arenas” deportivas con la descomunal corrupción existente en los gobiernos del PT.

Esta sensación de que el gobierno y el desarrollo del Campeonato Mundial han perdido apoyo ya ha sido claramente cuantificada. El 80% de la población manifestaba su apoyo a la operación “Copa do Mundo” hace 5 años atrás mientras que, hoy, menos del 50% muestra su interés en su desarrollo y prometidas bondades. Es más, 55% de los brasileños opinan que la realización del Campeonato del Mundo ya a ser directamente lesivo para su economía personal.

Las dudas sobre la capacidad de ejecución de las obras emprendidas, agregada a la duda sobre el manejo político de la seguridad durante el evento son tan grandes que el corresponsal en Río de Janeiro de “The Guardian” manifestaba, a fines de abril próximo pasado, que el tema más fuertemente discutido en Río, en ese momento, era que, solamente si Brasil ganaba la Copa del Mundo en 2014, sería posible organizar los Juegos Olímpicos del 2016. Una derrota de la selección nacional este año significaría, además de un cataclismo político difícil de contener, la inevitable suspensión de los Juegos cuyas obras, por cierto, tienen un atraso ya irrecuperable para muchos.
Esta sensación de impotencia política, desgobierno y catástrofe inminente ha tenido algunas manifestaciones políticas originales y seguramente inéditas. Hay en marcha un frondoso proceso de creación de organizaciones “anti-Copa”. Se ha conformado, por ejemplo, el “Comité Popular dos Atingidos pela Copa do Mundo” que posee un Comité de rango nacional y, simultáneamente, cuenta con un Comité en cada uno de los Estados de la Federación.

- Pero en segundo lugar, debemos recordar que todavía hay un gran Brasil “profundo” cuya relación con el Campeonato en ciernes es y será bastante más lejano que el que ya están viviendo millones de trabajadores de las grandes ciudades así como las inquietas clases medias recién inauguradas. 

La relación con el evento que tendrá este Brasil “profundo” será marginalmente radial y, en la mayoría de los casos, esencialmente televisivo (aunque no hay que descartar que sea esta una de las primeras ocasiones que las  nuevas redes sociales tengan un efecto de comunicación novedoso). Este Brasil “profundo” mira desde fuera la indescifrable “queja” de sus compatriotas de las grandes urbes que parece querer poner en cuestión lo que, para esos sectores, era una “evidencia”: la Copa en Brasil quería decir Brasil nuevamente campeón del Mundo y no mucho más que eso. Todo lo demás era ignorado o secundario. En muy pocos casos esta población es conciente del descomunal impacto (seguramente desastroso en lo financiero como lo prueban todos los casos históricos anteriores más recientes) que el evento tendrá en el país.

Estos sectores nada intuyen de los 4 billones de dólares que cuestan los nuevos estadios ni de los 7 billones que están insumiendo las obras de infraestructura (carreteras, metros, calles, etc.) que están vinculados a los primeros. En su entorno inmediato, un inmenso Hinterland donde las aglomeraciones urbanas son pequeñas o medianas, no pueden siquiera imaginar el caos, el despilfarro de recursos y el cambio brutal que está sufriendo la vida de millones de brasileños en las grandes ciudades debido a la Copa del Mundo.

Es necesario tener en cuenta que ese Brasil “profundo”, que se encuentra fuera de las grandes aglomeraciones que esperan la realización de los 64 partidos de fútbol que se avecinan, todavía estuvo alejado de toda controversia en torno al evento hasta hace muy poco tiempo. Es que, dejando de lado la población de las 12 ciudades sede, el resto de los brasileños todavía vivirían una Copa del Mundo de tarjeta postal si no fuese porque Romario, el ídolo futbolístico nacionalmente reconocido (y solamente superado en popularidad por Pelé) ha salido recientemente a criticar abiertamente, tanto a la FIFA como al gobierno, en su errático camino hacia el Mundial. 

En cualquier caso, todo indica que, a medida que los partidos de fútbol se acerquen, la opinión pública y su “entusiasmo”, siempre peligrosamente cargado de pulsiones nacionalistas más o menos oscuras, terminará por opacar la preocupaciones de la ciudadanía que, desde una perspectiva más genuinamente política, intuye la absoluta falta de pertinencia de la realización de un evento fuera de toda proporción. Y la Copa del Mundo tendrá lugar y todo seguirá igual para millones de brasileños…

Javier Bonilla Saus
  

miércoles, 21 de mayo de 2014

La singularidad de la Shoá en el siglo de los genocidios. Especulaciones...

LAS ELECCIONES DE LOS DICTADORES









Sisi, Assad y la fachada de la legitimidad
                             
Por Robert Fisk para
The Independent


¿Por qué a los dictadores les encantan las elecciones? Es una vieja pregunta en Medio Oriente, pero necesita ser respondida nuevamente, ahora que Abdel Fatah Sisi ganará la elección de este mes en Egipto y cuando el presidente Bashar Assad sea relecto en Siria el mes próximo. ¿Obtendrán 90 por ciento del voto o se mantendrán dentro de un muy prudente 80 por ciento como el viejo y enfermo Abdelaziz Bouteflika, quien obtuvo un mísero 81.5 en Argelia?

Seguramente, Sisi ganará al menos 82 por ciento, sólo para demostrar que él no es ningún Bouteflika. En cuanto a Assad, podríamos predecir bastante más de 90 por ciento, de no ser porque 2 millones y medio de sirios están refugiados fuera del país y, por tanto, eso sería desafiar un poquito la credibilidad. Por otro lado, el mandatario sirio tiene a sólo dos competidores y ambos son ministros en el actual Parlamento. Además, ¿quién realmente cree que el mandato de la familia Assad vaya a terminar en junio próximo después de 44 años? No habrá finales de suspenso en El Cairo o Damasco.
La realidad, desde luego, es que Sisi y Assad no se someten a votación porque requieran apoyo electoral. El ex mariscal egipcio –quien dejó oficialmente el ejército para presentarse a las elecciones de este mes– debe defender el enorme imperio económico de las fuerzas armadas y las inversiones que los generales han hecho en energía, compañías de agua embotellada, centros comerciales y mueblerías. Por eso, Sisi cree que sería inapropiado que los civiles obtengan el control del presupuesto del ejército y por eso quiere agregar a la Constitución egipcia una cláusula con ese fin.
Assad, por otra parte, desea asegurar que las conversaciones de paz en Ginebra, supuestamente encaminadas hacia la creación de un gobierno de transición en Damasco, se mueran. Si resulta relecto el mes próximo, de eso no cabe la menor duda, ¿cómo podría crearse un gobierno de transición? Dado que las nuevas leyes electorales de Siria estipulan que los candidatos presidenciales deben haber vivido en Siria los 10 años anteriores a los comicios, ninguno de los críticos de Assad en el exilio puede postularse. Así que tampoco será sorpresa si ese día el presidente se alza con 90 por ciento de sufragios.

Después de todo, las fuerzas de Assad están ganando la guerra civil en Siria, donde unos 150 mil hombres, mujeres y niños han muerto al menos, porque esta cifra puede ser tan dudosa como los resultados electorales.

El cinismo normalmente acompaña las elecciones árabes; sin embargo, es fácil subestimar la popularidad de las figuras patriarcales en el poder. Millones de egipcios sí apoyan a Sisi, como respaldaron su golpe de Estado contra el primer presidente democráticamente electo del país, Mohamed Mursi, quien obtuvo la victoria con 51.7 por ciento de votos, índice bastante patético si lo comparamos con lo que es estándar para los dictadores.

Sisi también se aseguró de que la Hermandad Musulmana de Mursi esté ahora proscrita en Egipto como organización terrorista. De hecho, tanto Sisi como Assad afirman, al igual que Bush, Blair y otras invaluables figuras históricas de nuestro pasado reciente, que están librando la guerra contra el terror.
Así, nuestras propias fantasías occidentales sirven de apoyo a los regímenes de Medio Oriente. No es casualidad que el mismo Tony Blair –quien sigue parloteando sobre los peligros del fundamentalismo islámico– haya dado su apoyo de todo corazón al golpe de Sisi y a su futura presidencia. Incluso muestra moderado entusiasmo por Assad, a quien probablemente se le permitirá permanecer en el poder durante la pacífica transición hacia una nueva Constitución. Tener a Blair como respaldo sería una grave desventaja para cualquiera, pero quizá no es así en partes del mundo árabe.

Tampoco debemos olvidar las pequeñas hipocresías. John Kerry, cuya condena a la anexión de Crimea a Rusia es sólo comparable con el silencio que privó cuando Israel se anexionó el Golán y se apropió tierras robadas, ha manifestado que es una farsa que Assad celebre elecciones en plena guerra, pero sostiene que es esencial que Ucrania tenga comicios cuando las ciudades del este se encuentran totalmente fuera del control del gobierno ucranio.

Asimismo, un mandatario estadunidense que pueda felicitar al presidente Hamid Karzai, de Afganistán, por su última y fraudulenta victoria electoral seguramente no negará sus buenos deseos a Sisi cuando éste gane en Egipto. Dicho mensaje, tengan por seguro, vendrá envuelto de mucho entusiasmo por el papel de Sisi en la transición de su país hacia la democracia.

Sisi, quizá incluso Assad, tienen garantizado nuestro apoyo si protegen, o al menos no desafían, el poderío israelí. Esta es la razón por la que nuestros diplomáticos están hablando de la posible necesidad de que haya continuidad en la presidencia de Assad.

El hecho de que Sisi haya convertido la Hermandad Musulmana en Al Qaeda y el terror, sin tener la menor evidencia en ese sentido, no ha sido cuestionado por Occidente.

Tampoco ha habido queja alguna por el hecho de que diplomáticos de Beirut visitan Damasco muy discretamente, desde luego, con la esperanza de renovar la vieja amistad con el gobierno de Assad.
Vale la pena recordar que no hace mucho dicho régimen recibía prisioneros o combatientes enemigos de los estadunidenses. Los mantenía cautivos en celdas, los sometía a interrogatorios algo rudos, en los se que les preguntaba sobre su terrorismo antiestadunidense.

Quizá también sean dignas de recordarse las felicitaciones que Sisi recibió del mismo Assad tras protagonizar el golpe contra Mursi el año pasado. Ochenta y dos por ciento para Sisi, 90 por ciento para Assad. Esas son mis predicciones. Está por verse qué tanto se acercan a las cifras reales.

© The Independent
Traducción: Gabriela Fonseca

sábado, 17 de mayo de 2014

Understanding new conflicts with traditional geopolitical concepts





                                                                                   Photo George Friedman



       Stratfor
     Geopolitical Weekly

Borderlands: The New Strategic Landscape


        Tuesday, May 6, 2014


By George Friedman

I will be leaving this week to visit a string of countries that are now on the front line between Russia and the European Peninsula: Poland, Slovakia, Hungary, Romania, Serbia and Azerbaijan. A tour like that allows you to look at the details of history. But it is impossible to understand those details out of context. The more I think about recent events, the more I realize that what has happened in Ukraine can only be understood by considering European geopolitics since 1914 -- a hundred years ago and the beginning of World War I.

In The Guns of August, Barbara Tuchman wrote a superb and accurate story about how World War I began. For her it was a confluence of perception, misperception, personality and decisions. It was about the leaders, and implicit in her story was the idea that World War I was the result of miscalculation and misunderstanding. I suppose that if you focus on the details, then the war might seem unfortunate and avoidable. I take a different view: It was inevitable from the moment Germany united in 1871. When it happened and exactly how it happened was perhaps up to decision-makers. 

That it would happen was a geopolitical necessity. And understanding that geopolitical necessity gives us a framework for understanding what is happening in Ukraine, and what is likely to happen next.

The German Problem

The unification of Germany created a nation-state that was extraordinarily dynamic. By the turn of the 20th century, Germany had matched the British economy. However, the British economy pivoted on an empire that was enclosed and built around British interests. Germany had no such empire. It had achieved parity through internal growth and exports on a competitive basis. This was just one of the problems Germany had. The international economic system was based on a system of imperial holdings coupled with European industrialism. Germany lacked those holdings and had no politico-military control over its markets. While its economy was equal to Britain's, its risks were much higher.

Economic risk was compounded by strategic risk. Germany was on the North European Plain, relatively flat, with only a few north-south rivers as barriers. The Germans had the Russians to the east and the French to the west. Moscow and Paris had become allies. If they were to simultaneously attack Germany at a time of their choosing, Germany would be hard-pressed to resist. The Germans did not know Russo-French intentions, but they did know their capabilities. If there was to be war, the Germans had to strike first in one direction, achieve victory there and then mass their forces on the other side.

When that war would be fought, which strategy the Germans chose and ultimately whether it would succeed were uncertainties. But unlike Tuchman's view of the war, a war that began with a German strike was inevitable. The war was not the result of a misunderstanding. Rather, it was the result of economic and strategic realities.

The Germans struck against the French first but failed to defeat them. They were therefore trapped in the two-front war that they had dreaded, but they were at least fully mobilized and could resist. A second opportunity to implement their strategy occurred in the winter of 1917, when an uprising took place against the Russian czar, who abdicated on March 15, 1917. (Germany actually set the revolution in motion in March by repatriating Lenin back to Russia via the infamous sealed train car.) There was serious concern that the Russians might pull out of the war, and in any case, their military had deteriorated massively. A German victory there seemed not only possible, but likely. If that happened, and if German forces in Russia were transferred to France, it was likely that they could mass an offensive that would defeat the British and French.

In April 1917, the United States declared war on Germany. There were multiple reasons, including the threat that German submarines might close the Atlantic to American shipping, but also the fear that events in Russia might defeat the allies. The United States had a deep interest in making certain that the Eurasian landmass would not fall under the control of any single nation. The manpower, resources and technology under the control of the Germans would more than outmatch the United States. It could not live with a German victory, and therefore within a year it had sent more than a million men to Europe and helped counter the German offensive after the October 1917 Russian Revolution pulled Russia from the war. The peace treaty ceded Ukraine to the Germans, placing Russia in danger if the Germans defeated the Anglo-French alliance. Ultimately, the American intervention defeated the Germans, and the Russians regained Ukraine.

The American intervention was decisive and defined American strategy in Eurasia for a century. It would maintain the balance of power. As the balance shifted, Washington would increase aid and, if absolutely necessary, intervene decisively in the context of an existing and effective military alliance.
World War II was fought similarly. The Germans, again in a dangerous position, made an alliance with the Soviets, assuring a single-front war, and this time defeated France. In due course, Germany turned on Russia and attempted to dominate Eurasia decisively. The United States was first neutral, then provided aid to the British and Russians, and even after entering the war in December 1941 withheld its main thrust until the last possible moment. The United States did invade North Africa, Sicily and the rest of Italy, but these were marginal operations on the periphery of German power. The decisive strike did not occur until June 1944, after the German military had been significantly weakened by a Soviet army heavily supplied by the United States. The decisive campaign in northern Europe lasted less than a year, and was won with limited U.S. losses compared to the other combatants. It was an intervention in the context of a powerful military alliance.

In the Cold War, the Soviet Union positioned itself by creating deep buffers. It held the Baltics, Belarus and Ukraine as its first line of defense. Its second defensive tier consisted of Poland, Czechoslovakia, Hungary, Romania and Bulgaria. In addition, the Soviet buffer moved to the center of Germany on the North German Plain. Given history, the Soviets needed to create as deep a buffer as possible, and this line effectively precluded an attack on the Soviet Union.

The American response was more active than in the first two wars, but not as decisive. The United States positioned forces in West Germany in the context of a strong military alliance. This alliance was likely insufficient to block a Soviet attack. The United States promised the delivery of additional troops in the event of war and also guaranteed that if needed, it was prepared to use nuclear weapons to stop a Soviet attack.

The model was in that sense similar. The hope was to maintain the balance of power with minimal American exposure. In the event the balance broke, the United States was prepared to send substantially more troops. In the worst case, the United States claimed to be prepared to use decisive force. The important thing to note was that the United States retained the option to reinforce and go nuclear. The Soviets never attacked, in part because they didn't need to -- they were not at risk -- and in part because the risk associated with an attack was too high.

Thus, the United States followed a consistent strategy in all three wars. First, it avoided overexposure, limiting its presence to the minimum needed. The United States wasn't present in World War I until very late. In World War II, America's presence consisted of peripheral operations at relatively low cost. In the Cold War, it positioned a force sufficient to convince the Soviets of American intent, but always under its control and always poised for full intervention at the latest opportune time, with minimal losses, in the context of an effective military alliance.

The collapse of the Soviet Union and the revolutions of 1989 stripped away the buffers that the Soviets had captured in World War II. Their strategic position was worse than it was before the world wars or even since the 17th century. If the inner buffer, the Baltics, Belarus or Ukraine, were to become hostile and part of a Western alliance system, the threat to Russia would be overwhelming. The Baltics were admitted to NATO and the alliance was now less than 100 miles from St. Petersburg. If Ukraine and Belarus went the same route, then the city of Smolensk, once deep in the Soviet Union and the Russian empire, would be a border town, and the distance to Moscow from NATO territory would be 250 miles.

The mitigating factor was that NATO was weak and fragmented. This was not much of a consolation for the Russians, who had seen Germany transform from a weak and fragmented country in 1932 to a massive power by 1938. Where there is an industrial base, military capability can be rapidly generated and intentions can change overnight. Therefore, for Russia, preventing the Western alliance system from absorbing Ukraine was critical, as the events of previous months have shown.

The U.S. Approach

The American strategy in Europe remains the same as it was in 1914: to allow the European balance of power to manage itself. Public statements aside, the United States was comfortable with the weakness of European powers so long as the Russians were also weak. There was no threat of a hegemon emerging. The American strategy was, as always, to let the balance maintain itself, intervene with any aid needed to maintain the balance and intervene militarily in the context of a robust alliance at the decisive moment and not before.

It follows from this that the United States is not prepared to do more than engage in symbolic efforts right now. The Russian military may be able to capture Ukraine, although the logistical challenges are serious. But the United States is not in a position to deploy a decisive defensive force in Ukraine. The shift in the European balance of power is far from decisive, and the United States has time to watch the situation develop.

At this point, the United States is likely prepared to increase the availability of weapons to the countries I will visit, along with Bulgaria and the Baltics. But the United States' problem is that its historical strategy relies on the existence of a significant military force, and where multiple countries are involved, a working alliance. It is pointless for the United States to provide weapons to countries that will not cooperate with each other and are incapable of fielding sufficient force to use these weapons.

Since the events in Ukraine, many European countries have discussed increased defense spending and cooperation. It is not clear that NATO is a vehicle for this cooperation. As we saw during the meetings between U.S. President Barack Obama and German Chancellor Angela Merkel, Germany's willingness to engage in assertive action is limited. In southern Europe, the economic crisis still rages. The appetite of the British and French or the Iberians to become involved is limited. It is hard to see NATO playing an effective military role.

The United States looks at this as a situation where the exposed countries must take decisive steps. For the United States, there is no emergency. For Poland, Slovakia, Hungary, Romania, Serbia and Azerbaijan, along with the other countries along the buffer line, there is not yet an emergency. But one could materialize with surprising speed. The Russians are not intrinsically powerful, but they are more powerful than any of these countries alone, or even together. Given American strategy, the United States would be prepared to begin providing aid, but substantial aid requires substantial action on the part of the buffer countries.

The first and second world wars were about the status of Germany in Europe. That was what the Cold War was about as well, although framed in a different way. We are once again discussing the status of Germany. Today it has no western threat. The eastern threat is weak, far away and potentially more of an ally than a threat. The force that drove Germany in two world wars is not there now. Logically, it has little reason to take risks.

The American fear of a Eurasian hegemon is also a distant one. Russia is far from being able to pose that kind of threat. It is still struggling to regain its buffers. Just as Germany is not prepared to engage in aggressive actions, the United States will continue its century-old strategy of limiting its exposure for as long as possible. At the same time, the buffer countries face a potential threat that prudence requires they prepare for.

However, it is not clear that the Russian threat will materialize, and it is not clear that, rhetoric aside, the Russians have the political will to act decisively. The buffer states' optimal solution would be a massive NATO intervention. That won't happen. The second best would be a massive American intervention. That won't happen either. The buffer states want to shift the cost of their defense to others -- a rational strategy if they can achieve it.

The impersonal forces of geopolitics are driving Russia to try to retake its critical borderland. Having done that, the nations bordering Russian power will not know how far the Russians will try to go. For Russia, the deeper the buffer, the better. But the deeper the buffer, the higher the cost of maintaining it. The Russians are not ready for any such move. But over time, as their strength and confidence grow, their actions become less predictable. When facing a potential existential threat, the prudent action is to overreact.

The buffer states need to arm and ally. The United States will provide a degree of support, regardless of what the Germans, and therefore NATO, do. But the basic decision is in the hands of the Poles, Slovaks, Hungarians, Romanians, Serbians and Azerbaijanis, along with those in the other buffer states. Some, like Azerbaijan, have already made the decision to arm and are looking for an alliance. Some, like Hungary, are watching and waiting. Mark Twain is supposed to have said, "History does not repeat itself, but it does rhyme." There is a rhyme that we can hear. It is in its early stages and few are yet locked into a course as Germany was in 1914. The forces are beginning to gather, and if they do, they will not be controlled by good will.

I will be listening for that rhyme on this trip. I need to see if it is there. And if it is, I need to see if those most at risk to its verses hear it too. I will let you know what I hear

domingo, 11 de mayo de 2014

La Reforma de la Legislación Migratoria en los EE.UU.






 Revista “Política Exterior”, No. 159 - Mayo/Junio 2014


“La reforma sin fin de la emigración en Estados Unidos”



Por Demetrios G. Papademetriou
Presidente del Think Tank Migration Policy Institute,Washington, DC.


El aumento de la población latina en EE UU y su gran apoyo al Partido Demócrata han situado la inmigración a la cabeza de la agenda política. Sin embargo, en el Congreso está atascada una legislación que no responde ni a los valores del país ni a sus intereses económicos.


 Una vez más, el esfuerzo por resolver el estatus de la inmensa población ilegal de Estados Unidos y reformar el anticuado sistema migratorio ha flaqueado. Abundan los dedos acusadores y las recriminaciones. Con una proposición de ley bipartidista aprobada en junio de 2013 por un Senado controlado por los demócratas, la presión sobre los republicanos, que controlan la Cámara de Representantes, y sobre el presidente Barack Obama, es inmensa. Si bien el desenlace es incierto, hay una cosa clara: para empezar a recomponer el fracturado sistema migratorio estadounidense, los legisladores deben guiarse tanto por los valores más elevados del país como por sus necesidades económicas. También deben reconocer que dichas necesidades evolucionarán con el tiempo, y que la política migratoria debe evolucionar con ellas.

 Un legado de (principalmente) fracasos

 Con casi 42 millones de habitantes nacidos fuera del país, incluidos los aproximadamente 12 millones de residentes ilegales, EE UU no solo es el mayor receptor de inmigrantes del mundo, sino que es más grande que los cuatro siguientes receptores juntos. Puesto que la inmigración es una cuestión de ingeniería social, la habilidad con que se desenvuelva el país en este terreno tendrá profundas repercusiones para la sociedad, ya que las consecuencias de la inmigración abarcan desde la educación y la asistencia sanitaria hasta la fuerza y legislación laborales, pasando por el crecimiento económico y la competitividad, sin olvidar las relaciones exteriores (en particular con la región de Norteamérica). Y, lo más importante, la forma en que el país trata a sus inmigrantes constituye una poderosa declaración ante el mundo de los valores y los principios en los que se asienta.

 En todos estos aspectos, la reciente política migratoria de EE UU ha destacado más por sus errores que por sus aciertos. Hace casi medio siglo, en 1965, el país revocó las políticas discriminatorias que a lo largo de los 80 años anteriores habían impedido, limitado o, como mínimo, desalentado la inmigración de aquellos que no procediesen del oeste y el norte de Europa. El resultado fue una política neutral en lo que se refiere a etnia, país de origen y raza de aquellos a los que les estaba permitido emigrar a EE UU. Y aunque el Congreso aprobó importantes leyes enfocadas a la inmigración ilegal en 1986, a la inmigración laboral en 1990, y de nuevo a la inmigración ilegal en 1996, ha sido incapaz de reorientar las políticas de manera que respondan y se adapten a los grandes cambios que han afectado tanto a la economía estadounidense como a la mundial desde entonces.
 En consecuencia, el sistema de inmigración de EE UU apenas cumple de forma satisfactoria alguno de los compromisos declarados. Los retrasos en la reagrupación familiar, aparte de los “parientes inmediatos” (esposas, hijos pequeños y progenitores), suelen ser enormes. El sistema aún no consigue adecuarse a la necesidad de promover los intereses más amplios de los trabajadores estadounidenses (es decir, de los que disfrutan del derecho legal a trabajar en el país) aprovechando los puestos de trabajo más abundantes y de mejor calidad que una política migratoria inteligente podría contribuir a crear. Y hasta hace poco hacía la vista gorda al establecimiento a gran escala de inmigrantes sin permiso, a las condiciones en las que vivían muchos de ellos, y a la amplia difusión de los sectores de bajos ingresos cuya existencia había alimentado.

 Del teatro político al teatro del absurdo

 Tras la más bien holgada reelección del presidente Obama en 2012 daba la impresión de que la reforma migratoria por fin se haría realidad. El incesante aumento demográfico de la población latina (actualmente representa casi el 16 por cien de la población total) y su abrumador apoyo a Obama en esas elecciones (obtuvo más del 70 por cien de sus votos) situó la inmigración a la cabeza de la agenda política. Los asiáticos, que representan menos del seis por cien de la población, han apoyado al presidente con la misma fuerza. Después de las elecciones, los expertos predecían de forma casi unánime una ventaja aún mayor de los demócratas en la carrera por la presidencia, con su correspondiente amenaza mortal a la capacidad del Partido Republicano para ganarla, a no ser que moderasen su retórica y modificasen su postura con respecto a la inmigración. Y demasiados demócratas, en un descarado juego de forzada empatía política, “recomendaban” a los republicanos que aceptasen una proposición de ley de inmigración si querían tener posibilidades en las siguientes elecciones presidenciales.

 Sin embargo, las razones por las que la reforma migratoria parecía ganar fuerza iban más allá de la amenaza cuasi existencial al Partido Republicano. (Aunque exagerada, esta amenaza es real pero, con el tiempo, su influencia sobre las bases del partido se relajó, y con ello también la exigencia inexcusable de reformar.) La reforma recibía la energía de un gran movimiento a favor de los inmigrantes cada vez más influyente, cuyo ascendiente sobre la Casa Blanca y el presidente –junto con el de los sindicatos y los grupos progresistas– no se puede calificar sino de extraordinario.
 El país también parecía preparado para superar los eslóganes políticos que durante tanto tiempo han impedido el diálogo. Una pequeña muestra incluye los siguientes: no se debe “recompensar a los infractores de la ley” o a los “que se cuelan en la cola”, este último en referencia a “colarse” por delante de aquellos que tenían permiso legal para inmigrar a EE UU pero que, en la irritante complejidad del sistema, llevaban años esperando (en algunos casos, incluso décadas) para conseguir un visado; “ya lo intentamos antes, y no funcionó”, en referencia a una ley federal de 1986 que otorgaba una amplia amnistía a cambio de una caja de herramientas políticas repleta de medidas coercitivas adicionales centradas en las fronteras y los centros laborales. Por último, la insinuación insuperablemente vana de que los inmigrantes que vivían en el país en situación ilegal tendrían que “autodeportarse” de alguna manera, una expresión que popularizó en 2012 Mitt Romney, candidato republicano a la presidencia, para su colosal descrédito.

 Una serie de nuevas circunstancias contribuyó también al ambiente casi eufórico a favor de la reforma. La más significativa era que se calculaba que el número neto de inmigrantes procedentes de México, independientemente de su situación legal, era nulo o prácticamente nulo desde 2010, a pesar de que desde 2012 ha ido en aumento (por el contrario, entre 1995 y 2006, la inmigración ilegal procedente de México creció en aproximadamente 4,3 millones). Además, las detenciones en la frontera se encuentran en su nivel más bajo en 40 años (alrededor de 420.000 en 2013), al tiempo que las cuantiosas inversiones en cuerpos de seguridad relacionados con la inmigración han dado como resultado la expulsión de unos 400.000 residentes ilegales y delincuentes extranjeros anuales durante los últimos seis años. En 2012 se dedicaron aproximadamente 18.000 millones de dólares a medios para luchar contra la inmigración a lo largo de la frontera, un presupuesto un 24 por cien mayor que el conjunto de los presupuestos de todos los principales cuerpos de policía federales.
 Otras cuestiones también parecían alinearse a favor de la reforma. Dos de ellas merecen mención especial: el retroceso conjunto en gran parte del país de las severas medidas contra la inmigración ilegal, que algunos Estados del oeste y el sur habían adoptado en los últimos años (las disposiciones clave de esas medidas fueron abolidas por el Tribunal Supremo en 2013), y la sensación cada vez mayor de que era urgente cambiar el sistema de inmigración legal con el fin de mejorar las ventajas empresariales y tecnológicas, y por consiguiente competitivas del país.

 La proposición de ley del Senado

 En junio de 2013 el Senado aprobó una proposición de ley de inmigración por el cómodo margen de 68 votos (de un total de 100). Pero el impulso acabó allí. El proyecto contiene una serie de elementos polémicos: una condición legal provisional vinculada a una vía (más bien tortuosa) que desemboque en la obtención de la ciudadanía para los inmigrantes en situación irregular que cumplan una serie de requisitos razonables en términos generales; disposiciones pensadas para dinamizar la economía estadounidense mediante un gigantesco aumento (casi 2,5 veces más que el límite actual) de la cantidad de visados a disposición de los inmigrantes cualificados; ofertas de tarjetas verdes (residencia permanente) para los estudiantes extranjeros que se licencien y obtengan un máster o un doctorado en ciencia, tecnología, ingeniería o matemáticas (STEM) de una universidad estadounidense si tienen una oferta de trabajo;1 un sistema que identifique de forma fiable a las personas con permiso de trabajo con la esperanza de reducir la contratación de trabajadores sin permiso y, por tanto, atenuar el “efecto llamada”; un complejo proceso para admitir más trabajadores extranjeros de cualificación baja o media, al tiempo que se protegen mejor sus derechos; acabar en un plazo de siete años con las enormes esperas de posibles emigrantes que cumplen los requisitos para obtener un visado de EE UU, pero que no pueden entrar en el país porque no hay suficientes visados para facilitarles (y cuyo número también se eleva a más de cuatro millones); cambios en la normativa de admisión de familiares con el fin de conceder más visados y eliminar las esperas de una categoría de parientes más restringida a cambio de excluir a los más lejanos; y, en una decisión que levantó un gran clamor en contra entre los activistas a favor de la inmigración, los conservadores y la mayor parte de los analistas, la asignación de 46.000 millones de dólares durante 10 años para intensificar los controles fronterizos mediante un incremento masivo tanto de los medios técnicos como humanos.
 En Washington se dice que, en la mayoría de los asuntos relacionados con la legislación, “el diablo está en los detalles”, lo que es especialmente cierto cuanto más complejo es el texto legal. En materia de inmigración, la complejidad tiene múltiples facetas. La más evidente es la dificultad de combinar textos voluminosos (la proposición de ley del Senado tiene casi 1.300 páginas) en los que los aspectos políticos de cada uno de ellos tienen que conciliarse con los de los otros textos principales. Por ejemplo, quienes insisten en la legalización deben acceder a la aplicación enérgica de las leyes sobre inmigración, y los que se pronuncian a favor de modernizar el sistema de inmigración tienen que aceptar un programa de legalización de amplio alcance.

 La proposición de ley del Senado ofrece una solución “amplia” a los problemas de inmigración del país. El argumento a favor de una solución de este tipo es que, si se hace bien, el conjunto equivaldrá a mucho más que la suma de las partes, aunque con la condición de que la lógica de la política que haya detrás de un determinado texto refuerce la de otro. El sentido político es similar: todos los electores a los que se dirige la proposición de ley, incluidos los adversarios históricos, están interesados en lograr un resultado satisfactorio con el fin de que este supere a lo esperado.
 Pero la perspectiva amplia también tiene sus inconvenientes. Su propia naturaleza la convierte en un blanco de primer orden para los que se oponen a la reforma, y es habitual que los compromisos que exige una legislación tan políticamente compleja resulten contrarios a la coherencia política. Es más, la ineludible complejidad del proyecto requiere un general con exquisitas dotes políticas en el que se pueda confiar, algo de lo que carecen en este momento las dos cámaras del Congreso.

 Sin embargo, el desafío al que se enfrenta la norma del Senado va mucho más allá de quién se ocupará de guiarla a través del Congreso. Muchas de sus disposiciones son verdaderos “tratados sobre el exceso”. Bastarán tres ejemplos. En primer lugar, los inmensos nuevos recursos destinados a los controles fronterizos no son solo excesivos, son poco más que el “precio” por persuadir a más senadores republicanos para que voten a favor de la proposición. Y mientras que algunos de ellos lo han hecho, hasta los autores republicanos de la disposición reconocieron que habían sobrepasado lo necesario para garantizar y mantener el control fronterizo. En segundo lugar, la admisión en un periodo de siete años de los más de cuatro millones de inmigrantes en potencia que están a la espera de un visado es algo igualmente excesivo, dado que el mercado de trabajo estadounidense no sería capaz de absorberlos en tan poco tiempo, sobre todo considerando su probable cualificación y su composición desde el punto de vista de la formación (la gran mayoría serían parientes mayores con perfiles formativos y de capacitación modestos). En tercer lugar, el aumento propuesto del número de admitidos cualificados despertará la indignación de los trabajadores estadounidenses, que se sentirán amenazados por esta apertura, al tiempo que desincentivará aún más a los estudiantes y a los profesionales en ciernes para que se introduzcan y se queden en los sectores en los que probablemente se concentrarán los nuevos inmigrantes. Esta disposición hará que muchos de los países de origen de estos inmigrantes cualificados se echen a temblar, y alentará más debates sobre la “fuga de cerebros”.

 Pero si bien estos excesos responden claramente a poderosos intereses electorales, es probable que también representen un cálculo más profundo por parte de los ocho autores de la proposición (cuatro por cada partido). Puesto que las dos cámaras del Congreso están en igualdad y son controladas por diferentes partidos, la “generosidad” del Senado requiere una explicación más matizada. Incluso en el supuesto más optimista, la mayoría de los republicanos de la Cámara de Representantes simplemente se opone a un programa de legalización que desemboque en la obtención de la ciudadanía a menos que sea a muy largo plazo. Además, estos republicanos se imaginan una legislación mucho menos expansiva que los del Senado en prácticamente todos los aspectos menos en uno: el número de trabajadores y los trámites que se les exijan. Prefieren cantidades mucho más grandes, trámites mucho más simples y muchos menos derechos y privilegios.

 Puesto que las dos propuestas tendrán que coordinarse antes de que, al final, cada cámara vote una sola, es de esperar que comenzar las negociaciones con una propuesta “maximalista” produzca compromisos aceptables por circunscripciones clave del Senado y que, por tanto, facilite su aprobación. Por supuesto, esta estrategia no garantiza ni que la proposición de ley que se acuerde sea aceptable ni que se apruebe, y los republicanos de la Cámara de Representantes han dejado claro que no negociarán con el Senado tomando como base su proposición de ley.

 La tormenta perfecta para el presidente Obama

 Durante mucho tiempo, los tribunales han interpretado que la Constitución de EE UU garantiza “plenos” poderes (en la práctica, absolutos) al Congreso de la nación en materia de inmigración, una atribución que el Congreso protege celosamente. De este modo, el poder del ejecutivo queda limitado, excepto en lo que se refiere a la aplicación de la ley, y eso solo dentro de ciertos márgenes. Esto significa que Obama, que ha hecho grandes promesas sobre la reforma migratoria a sus principales electores, tiene poco margen de maniobra excepto en dos terrenos: servirse de su posición privilegiada para instar a llevar a cabo la reforma, una herramienta que ha empleado suficientes veces como para mostrar que es completamente ineficaz; y utilizar su discrecionalidad de enjuiciamiento –o, más bien, la del influyente departamento del gabinete de presidencia– (es decir, decidir hasta qué punto llegar en la aplicación de la ley o en una acción judicial sin justificarlo) para ofrecer asistencia en cuestiones de emigración a determinados grupos (la discrecionalidad es más fácil de aplicar a casos concretos) cuando la discrecionalidad se pueda defender de forma “razonable” y políticamente plausible.

 En agosto de 2012, el gobierno utilizó la discrecionalidad para proteger de la deportación a las personas a las que sus padres habían traído ilegalmente a EE UU cuando eran niños. A finales de 2013, unas 520.000 personas se beneficiaron de este amparo y, a falta de movimiento en el frente legislativo, la Casa Blanca se encuentra bajo una enorme presión para que extienda la misma medida a otros grupos de inmigrantes en situación irregular.

 Pero la apuesta es gigantesca para un hombre al que no le gusta correr riesgos. Si extiende la protección frente a la deportación a otros grupos de inmigrantes ilegales, como piden los abogados latinos que le han apodado “deportador en jefe”, u ordena al departamento de Seguridad Nacional que revise (léase “suavice”) sus normas sobre expulsiones con el fin de evitar, por ejemplo, dividir a familias compuestas tanto por miembros en situación legal como ilegal (hay millones), se enfrenta a un riesgo doble: animaría a los abogados a aumentar sus exigencias y reforzaría la tesis republicana de que no se puede confiar en él para que obligue a respetar la ley. Eso, a su vez, proporcionaría a los republicanos aún más munición para justificar por qué no deben aprobar la reforma migratoria. Más concretamente, abre la puerta a una posible moción de censura. Cualquiera de los dos resultados heriría de muerte a su presidencia, y prácticamente obligaría a Obama a pasar el resto de su mandato en la impotencia política, ya que, pase lo que pase, el presidente sale perdiendo.

 Las lecciones del pasado: la Ley de Inmigración de 1986

 El tortuoso camino hacia la reforma migratoria refleja el distanciamiento entre los dos partidos en la mayoría de los asuntos y, de forma más general, la notable desconfianza de los republicanos hacia el presidente. Pero si bien esto es cierto, las políticas de inmigración siguen siendo inhumanas, lo cual refleja que hay profundos y complejos desacuerdos ideológicos en todos los ámbitos.

 En 1986, la última vez que el Congreso intentó llevar a cabo una amplia reforma de la legislación sobre inmigración, hicieron falta más de cinco años para que se cerrasen todos los compromisos políticos y para que los diversos grupos interesados aprendiesen a convivir con un proyecto de ley imperfecto. Cuando la proposición se convirtió en ley, la sensación dominante era de agotamiento más que de entusiasmo. Y eso cuando la inmigración solo era un asunto político para los pocos Estados que habían experimentado la llegada de un número significativo de inmigrantes ilegales (hoy día es una preocupación para la mayor parte de los 50 Estados de la nación), cuando los movimientos pro y antiinmigración estaban en sus primeros años de vida, y cuando la mayoría de los miembros del Congreso parecían dispuestos a dejarse guiar por los tres senadores y los pocos miembros de la Cámara de Representantes “especialistas” en la materia. Eran tiempos más fáciles también en otro sentido. Pocos congresistas tenían el equipo necesario para no perder el paso de las voluminosas proposiciones de ley de carácter técnico que se iban modificando a medida que se cerraban acuerdos de última hora para añadir el apoyo de otro grupo particular más, así como los votos que este aportaría.

 La ley de 1986 fue aprobada sobre una triple base: regularizaba la situación de los inmigrantes ilegales que llevaban mucho tiempo en el país; imponía sanciones a los empresarios por contratar a trabajadores sin permiso de trabajo; y se comprometía a poner en marcha con­troles fronterizos más estrictos para prevenir las entradas ilegales. Hoy día, los tres puntales son aún más decisivos que entonces, lo cual es una manifestación elocuente tanto de la ineficacia de la ley como de la dificultad para aplicar la normativa.

 Quizá sea aún más importante recordar que la ley cometía dos errores de cálculo fundamentales, uno por omisión y el otro por comisión. El primero consistía en la incapacidad de facilitar un mecanismo flexible que permitiese admitir más trabajadores extranjeros cuando la economía lo requiriese. Dicha omisión demostró ser extremadamente significativa. Al prescindir de los ciclos económicos, la ley no pudo prever que, cuando se registrase de nuevo una significativa creación de empleo, quedaría de manifiesto la insuficiencia del exiguo número de visados para trabajadores extranjeros que la ley autorizaba. Esta falta de previsión sembró la semilla de la inmigración ilegal a gran escala en los años noventa y en décadas posteriores.

 La omisión se explica por el contexto. La estructura básica de la ley fue ideada en 1981, una época en la que las limitaciones eran excepcionales, dada la estanflación (estancamiento económico e inflación) de gran parte de la década de los setenta y las dos recesiones de 1979-80 y 1981-82, esta última mucho más profunda. En ese momento, nada estaba más lejos de la mente de cualquiera que la posibilidad de que se necesitasen más trabajadores inmigrantes. Pero cuando esa fase dio paso a la expansión económica en la última parte de la década, la estructura básica de la proposición de ley no se adaptó al cambio. Por decirlo llanamente, ya se había invertido demasiado capital político, y cualquier intento de introducir una disposición nueva y altamente polémica habría sido recibido con abierta hostilidad. ¿Cuál es la lección? Las leyes concebidas en una determinada época no se pueden promulgar en otra sin que el Congreso reconsidere si se mantiene la validez de los supuestos y las disposiciones clave.

 El segundo error de cálculo fue ofrecer la condición de legalidad solo a aquellos que habían estado “presentes ininterrumpidamente” en EE UU desde el 1 de enero de 1982, cinco años antes de que se aprobase la ley. En este caso, la falta fue de comisión. Y a pesar de que la legislación ofrecía la condición legal a casi 2,9 millones de personas, excluía a otros 1,6 millones que no cumplían el plazo exigido por la ley. Este último grupo de población se convirtió en el núcleo alrededor del cual se desarrollarían sucesivas oleadas de nuevos recién llegados ilegales. Además, marginó aún más a estos trabajadores al hacerlos más vulnerables a la explotación. Los autores de la ley sostuvieron con éxito que, a falta de controles fronterizos fiables, y dado el prolongado periodo de gestación de la ley, un gran número de inmigrantes había entrado ilegalmente en el país anticipándose al programa de legalización. Estos recién llegados oportunistas no deberían ser recompensados regularizando su situación legal, sobre todo teniendo en cuenta que era probable que muchos no estuviesen arraigados ni en la comunidad, ni en el mercado de trabajo.

 Abordar las cuestiones difíciles

 Si en esta ocasión EE UU va a aprobar una legislación que justifique el enorme esfuerzo político que ello exigirá, la ley debe abordar con inteligencia y responsabilidad una serie de cuestiones difíciles. He aquí una lista de los desafíos a los que el Congreso debe enfrentarse:

-Debe otorgar la condición legal al mayor número de residentes ilegales estableciendo unos requisitos que se puedan cumplir, más que exigencias que harán que muchos fracasen o ni siquiera lo intenten. Es lo más próximo a un imperativo moral y político que se pueda imaginar.

-Debe comprometerse a escala nacional a controlar las fronteras y aplicar las leyes de inmigración. Es lo mínimo exigible para que la opinión pública confíe en que la prioridad número uno es obligar a cumplir la ley y evitar la llegada de nuevas oleadas de inmigrantes ilegales. Ninguna proposición de ley se puede convertir en norma sin un esfuerzo verosímil por salvaguardar la integridad del nuevo sistema.

-Tiene que hacer gala de un poco de modestia, o incluso humildad, y reconocer que en ningún caso se puede predecir cuántos inmigrantes, y con qué clase de capital humano, puede necesitar la economía estadounidense en el futuro. Con unos 20 millones de personas sin trabajo o subempleadas, y la atención de los ciudadanos en la creación de empleo, dedicar capital intelectual y político a permitir la llegada de más trabajadores inmigrantes cuando las circunstancias lo requieran puede parecer absurdo. Y, sin embargo, eso es lo que la legislación debe hacer exactamente si quiere estar preparada para el momento en que esos trabajadores sean necesarios. La población de EE UU está envejeciendo, e incluso en tiempos adversos para la economía muchos puestos de trabajo quedan por cubrir debido a incompatibilidades geográficas o de cualificación o, más a menudo, porque hay trabajos –muchos de ellos estacionales– que los trabajadores estadounidenses rechazan. A esto se añade que, a medida que crezcan los nuevos sectores de la economía (la industria del gas natural, por ejemplo), es probable que se necesite un número cada vez mayor de trabajadores para cubrir puestos para los que no se dispone de trabajadores nacionales. Si la legislación no quiere ser irrelevante el mismo día que se convierta en ley, debe incluir un proceso de admisión de trabajadores extranjeros tanto permanentes como temporales que abarque todo el abanico de cualificaciones, y no solo las de los extremos superior e inferior.

-Debe aceptar el hecho de que las leyes de inmigración se tienen que reexaminar y adecuar con la frecuencia que exige una economía auténticamente dinámica. Teniendo en cuenta el lamentable historial del Congreso en este aspecto, la única solución sería establecer un cuerpo analítico independiente que asesore con regularidad en cuestiones de inmigración laboral. No obstante, para que ese organismo cumpliese su objetivo tendría que estar encabezado e integrado por analistas expertos y ser ferozmente no partidista y transparente en sus deliberaciones y propuestas. Solo así podrá ser una fuente fiable de datos y asesorar con buen criterio. De este modo, EE UU estará en condiciones de desarrollar y mantener por fin un sistema de inmigración que sienta “curiosidad” y aprenda de los efectos de sus políticas para las familias, los empresarios, los trabajadores y, de manera más general, la economía y la sociedad, y que asuma que la adaptación de dichas políticas es un cometido corriente del buen gobierno.

 -Por último, debe reflexionar mucho más profundamente sobre la importancia de la integración. Los sistemas de inmigración triunfan o fracasan en enorme medida según lo bien que los recién llegados y sus hijos se integren en las comunidades y los mercados de trabajo de las sociedades receptoras. Sin embargo, esta es una cuestión que prácticamente nadie –ni en el Congreso, ni en el gobiero– quiere abordar por miedo a que los costes fiscales de la integración puedan socavar los apoyos a la política de inmigración. Ayudar a los inmigrantes en situación regular a integrarse es un obstáculo político aún más arduo de escalar. No obstante, esta responsabilidad no puede ser eludida si el país quiere ganar la partida de la inmigración.

 Una política de inmigración inteligente

 EE UU no puede pasar por los mismos debates cada vez que intenta poner al día sus leyes de inmigración y enmendar los errores. Es preciso hacer frente a los contextos cambiantes. Los empresarios, los trabajadores, los ciudadanos y las comunidades no deberían tener que enfrentarse al dilema de elegir entre la eterna inacción del Congreso y la infracción de la ley.

En el núcleo de los sistemas de inmigración mejor gestionados hay una idea sencilla: una política de inmigración inteligente adapta fórmulas de selección para garantizar que cada uno de los elementos principales de un programa de inmigración responda a los valores del país y a sus prioridades estratégicas. Cualquier observador del esfuerzo por llevar a cabo la reforma migratoria sabe también que el Congreso de EE UU solo conseguirá hacer correctamente algunas cosas, y que no hay respuesta perfecta a ciertos problemas de inmigración a los que se enfrenta el país. Por tanto, ¿por qué no aprovechar la ocasión y atender los asuntos más difíciles (legalización y reforma del sistema), tomar en consideración ideas que otros países han probado con éxito notable, y encauzar uno de los mayores desafíos sociales, morales y económicos que afronta EE UU?

Respecto a las cuestiones en las que el Congreso probablemente se equivocará, ¿por qué no encomendárselas a un mecanismo capaz de liberarlo de parte de la presión y permitir que un organismo independiente proponga con regularidad modificaciones, antes de que los pequeños problemas se conviertan en grandes? Ha llegado el momento de que la legalidad, la seguridad, el orden, el beneficio propio y los valores vuelvan a centrar la política de inmigración de EE UU.

Link: http://www.politicaexterior.com/articulo?id=5449